A história do Khalid – Identidade, trauma e a busca por pertencimento
- Gabriel Figueiró

- 23 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de out.
No Festival Passagens, escutamos a história de Khalid, um palestiniano que hoje vive na Alemanha. A sua partilha trouxe à tona as dores e desafios de ser imigrante, mas também a esperança de que, através da empatia e da responsabilidade individual, é possível transformar relações e criar caminhos de paz.
Khalid contou sobre a dificuldade de não poder visitar a sua família em Jerusalém, a luta pelo reconhecimento da cidadania alemã e a sensação de impotência diante da situação da Palestina. Mais do que narrar fatos, ele abriu o coração sobre o impacto psicológico e emocional de viver entre fronteiras e feridas, numa busca constante por pertencimento.

A sua jornada passou também por Lisboa, onde mergulhou num processo de autoconhecimento. Foi nesse caminho que reconheceu a importância de quebrar o ciclo de violência através da educação e da cura de traumas geracionais. Para Khalid, olhar para o outro como um irmão, capaz de ensinar-nos uma nova perspectiva, é um passo essencial para construirmos uma sociedade mais ética e pacífica.
Ao longo da sua partilha, ele trouxe uma reflexão poderosa: não basta repetir argumentos ou fatos sobre conflitos; é preciso ver a dor humana por trás da história. A verdadeira mudança começa quando cultivamos empatia e escolhemos ser a melhor versão de nós mesmos – um gesto ao alcance de qualquer pessoa.

Quando Khalid terminou sua história, já tínhamos um número grande de pessoas escutando a sua partilha e após as últimas palavras, imediatamente um abraço coletivo se formou. Sem precisar de qualquer outra palavra, naquele momento, estávamos juntos.
📽️ Assista ao vídeo completo da história de Khalid no nosso canal
Por que esta história importa?
Histórias como a do Khalid mostram que, mesmo em meio a dores profundas, existe a possibilidade de cura e transformação. Pesquisas recentes em neurociência social demonstram que ouvir narrativas pessoais ativa as mesmas áreas do cérebro envolvidas na experiência direta da emoção do outro, como o córtex pré-frontal medial, a ínsula anterior e o giro do cíngulo — regiões associadas à empatia, compaixão e tomada de perspectiva12.
Essas pesquisas ajudam a explicar por que histórias humanas têm o poder de atravessar fronteiras políticas e culturais: elas criam uma ponte neural e emocional entre quem fala e quem escuta. Nesse espaço compartilhado de sensações e significados, deixamos de ver o outro como distante e passamos a reconhecê-lo como parte do mesmo tecido humano.
Ao partilhar a sua experiência, Khalid convida-nos a olhar para os conflitos não apenas como questões políticas, mas como realidades humanas que pedem empatia, escuta e responsabilidade individual.
Immordino-Yang, M. H., & Damasio, A. (2007). We Feel, Therefore We Learn: The Relevance of Affective and Social Neuroscience to Education. Mind, Brain, and Education, 1(1), 3–10. ↩
Mar, R. A. (2011). The Neural Bases of Social Cognition and Story Comprehension. Annual Review of Psychology, 62, 103–134. ↩
Financiamento
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